quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Use as Palavras Para Ajudar, Não para Ferir.





   A fala Correta nos lembra que devemos evitar causar problemas, dizendo algo que possa ferir ou interferir desnecessariamente. Você já teve a experiência de dizer alguma coisa e depois se arrepender? Ou dizer alguma coisa sarcástica que lhe parecia engraçada? Claro. Todos já tivemos essa experiência. Quando comecei a ensinar, percebi logo que se dissesse o que me parecia apenas uma pequena piada irônica, alguma alma mais sensível acabaria se sentindo ferida, ridicularizada, exposta ou traída.

   Um dos aforismos do treinamento mental, Lo-Jong, é “Não Mencione Membros Machucados”. É um bom aforismo, que nos lembra que aquilo que consideramos apenas uma piada pode expor o defeito ou a fraqueza do outro, mais ou menos como apontar o dedo e ficar olhando. E isto fere, apesar de ser apenas parte de uma brincadeira. Entretanto, como é difícil fazer isto! Que tentação sentimos algumas vezes em fazer piadas ou mostrar como somos engraçados ou espertos, com nossas línguas ferinas e nosso humor cáustico. Palavras que ferem reforçam a alienação pessoal e a visão dualista. A calúnia semeia a discórdia, mas a fala gentil e sensível traz a paz e reconciliação.

   O Dharma também nos lembra que o ato de julgar encobre a visão elevada e distorce a apreciação de como as coisas realmente são. No novo testamento, Jesus mostra como insistimos em ver o pequeno cisco no olho do outro, enquanto ignoramos um enorme tranco de madeira enfiado no nosso. Um proverbio tibetano diz: “Não fale da pulga no cabelo do outro, enquanto ignora o iaque no seu nariz.” Palavras de julgamento e de critica, emitidas em um tom virtuoso, jamais foram úteis, em nenhuma situação.

   Algumas pessoas parecem ter um talento especial para usar as palavras de forma a ajudar os outros. São tão construtivas, positivas e empáticas que nós nos sentimos bem a cada vez que falamos com elas. “Que bom para você”, dizem elas. “Conte-me sobre isso, quero ouvir o que tem a dizer.” Captamos a intenção de apoiar e de encorajar. Estes gênios da comunicação parecem ter um dom especial, conseguem realmente enxergar e escutar os outros. Por estarem abertos e sensíveis à experiência dos outros, estes ouvintes talentosos são curadores natos. Ouvir com o coração aberto e sem julgamentos é uma forma de inserir a Bodhiccita na comunicação. O Dharma nos diz que se ouvirmos com atenção, conseguiremos perceber o Budha natural em todas as pessoas. 




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