quarta-feira, 22 de julho de 2015

OS CINCO OBSTÁCULOS PARA A PRÁTICA DO SHINE




   Quando iniciamos no caminho do despertar encontramos alguns obstáculos que podem nos tirar dele.

   O Buddha, nos sutras, aconselha a buscar de inicio o estado de tranquilidade da mente (shine) e depois meditar sobre a visão superior (vipasyanâ).

   O estado de tranquilidade da mente (tibetano: shine; sânscrito: samatha) é o fundamento necessário aos yogues budistas e não budistas para abandonar as emoções conflituosas.

   É ainda uma meditação que deve ser realizada por qualquer que seja o yogue do hinayâna ou do mahayâna. E mesmo no mahayâna, todos os yogues do vajrayâna como do pâramitâyâna devem praticar shine. Esta prática é, portanto a base mais importante para todos os yogues que percorrem a via espiritual.

Os cinco vícios que impedem de realizar o shine (calma mental) são:

1-     A preguiça

É a atitude na qual a mente não entra em contato com as virtudes da prática.

2-   O esquecimento

Mesmo se a mente entra em contato com a prática ela esquece as instruções da meditação.

3-   O torpor e a agitação

Mesmo se a mente não esquece as instruções ela não fica quieta: é a agitação; ou então ela é opaca e entorpecida: é o torpor.

4-   A falta de intervenção

Quando a mente partiu no torpor ou na agitação, é não aplicar o remédio que permite eliminá-los.

5-    O excesso de intervenção

É aplicar remédios muito numerosos. Essa intervenção excessiva impede a mente de ficar quieta.

   Lembre-se que não é apenas lendo os textos que conseguiremos avançar na nossa busca. De nada vale o conhecimento se não é usado. Precisamos nos dedicar com paciência e atenção sempre com a orientação de um Lama ou um professor qualificado. 


terça-feira, 14 de julho de 2015

Domar o Cavalo, Cavalgar a Mente



    Do ponto de vista do não-ego, o aprendizado se baseia em abrir nosso coração e encontrar um senso natural de disciplina. Disciplina significa, nesse contexto, harmonizar-nos com nossa pureza inerente. Não é preciso nos apropriar de nada externo a nós mesmos nem imitar ninguém. Somos naturalmente puros e inteligentes. Podemos já ter alguma ideia ou experiência disso, mas precisamos também ir além ao nos abrirmos.

   Quando começamos a nos abrir, o aprendizado deixa de ser um esforço. Torna-se como uma pessoa com sede que bebe água fresca. É refrescante e natural. E, quanto mais aprendemos, mais gostamos. É bem diferente da abordagem de uma academia militar ou do aprendizado baseado num grande esforço de qualquer tipo.

   Nosso caminho é às vezes difícil e outras vezes suave; mesmo assim, a vida é uma jornada constante. Tudo o que fazemos- dormir, comer, vestir-nos, estudar, meditar, assistir a aulas... é visto como jornada, nosso caminho. Esse caminho consiste em abrir-se para a estrada, abrir-se para os passos que daremos. A energia que nos permite empreender essa jornada é conhecida como disciplina. É a disciplina de educar a si mesmo sem o ego, conhecida também como treinar a própria mente.

   Diz-se que educar a si mesmo é como domar um cavalo selvagem, um cavalo que nunca foi tocado por ninguém. Primeiro você tenta pôr lhe uma sela no dorso.  O cavalo manoteia, morde e escoiceia; você continua tentando. Por fim, consegue. Em seguida passa-se as rédeas por sobre a cabeça e coloca-se o freio na boca do animal. Pode ser difícil fazer o cavalo abrir a boca, mas acaba entrando.

    É um grande sucesso. Você se sente bem; sente que realizou alguma coisa. Mesmo assim, ainda falta montar no cavalo. E esse é outro processo, uma outra luta. É bem possível que o cavalo o derrube. Conseguir segurar as rédeas pode ajudar a controlar o cavalo, mas isso também é duvidoso. Isso pode lhe dar 40% de controle, talvez. Quanto ao mais, é correr o risco.

   Nosso estado mental é como um cavalo selvagem. Contem lembranças do passado, sonhos quanto ao futuro e a inconstância do presente. Concluímos que essa situação é problemática e por isso praticamos o que se conhece como meditação.

   A palavra “meditação” tem vários significados, conforme seu uso nas diversas tradições. De acordo com o Oxford English Dictionary, meditação significa meditar sobre alguma coisa. Quando está apaixonado, por exemplo, você medita sobre a pessoa que ama. Essa pessoa é tão bonita. Faz amor admiravelmente bem- move-se com graça, beija deliciosamente e provavelmente tem um cheiro fantástico. Meditar sobre percepções desse tipo significa apenas que nos detemos a pensar em alguma coisa, que nos ocupamos com alguma coisa.

   Em seu sentido fundamental, a meditação Budista não envolve meditar sobre coisa alguma. Simplesmente reavivamos nosso senso de vigilância e mantemos a melhor postura. Mantemos a cabeça e os ombros erguidos e sentamo-nos com as pernas cruzadas. Em seguida, muito simplesmente nós nos ligamos à ideia básica de corpo, fala e mente concentramos nossa atenção de alguma maneira, normalmente por meio da respiração. Inspiramos e expiramos, simplesmente sentindo a respiração, de modo bastante natural. A respiração não é considerada sagrada nem maligna- é apenas respiração.

   Quando vêm os pensamentos, simplesmente os identificamos e observamos: “Pensamento”. Não há “bom pensamento” nem “mau pensamento”. Não importa se temos um pensamento sábio ou maligno; nós simplesmente o identificamos e dizemos: “Pensamento”. E então voltamos a nos concentrar na respiração. Ao fazermos isso, começamos a desenvolver a ideia de pôr a sela no cavalo. Nossa mente começa a ser treinada. Ela se torna, nesse ponto, menos enlouquecida, menos entorpecida e mais maleável.  

   Essa pratica especifica de meditação é conhecida como Shamatha, que significa, literalmente, “ficar em paz”. Nesse contexto, “paz” não é um estado eufórico ou bem aventurado, mas simplesmente a situação elementar e simples, resultante da cessação da luta e do tumulto. Não se trata de procurar alcançar um objetivo ou atingir um determinado estado de ser, nem no sentido religioso, nem no sentido secular.

   Quando praticamos dessa maneira, constatamos que os pensamentos se perpetuam as neuroses se desfazem ou evaporam. Em geral não prestamos atenção a nossos pensamentos. Nós os cultivamos, inconscientemente, agindo de acordo com o que eles determinam. Mas quando nos sentamos em silencio e olhamos para eles sem opinião nem objetivo- quando simplesmente olhamos para eles-, eles se dissolvem por conta própria.

   Na meditação Shamatha, a duração de nossa atenção se amplia naturalmente e nossa abertura mental se desenvolve. Tornando-nos mais estáveis e também mais alegres- livres de tumultos. É por isso que ela se denomina Shamata, “ficar em Paz”.  

   Esse, portanto, é o primeiro estagio do aprendizado: aprender a aprender. É o primeiro passo. Primeiro transcende-se a noção básica do ego, do apego à neurose. Além disso, há o que se conhece como pratica Vipashyana, que significa literalmente Insight. Nesse contexto, insight significa ver as coisas como elas são, sem acrescentar-lhes paixão ou agressão. Nesse ponto, já começamos a sair do campo da meditação e a examinar o modo como nos relacionamos com o nosso mundo.

   O mundo em que vivemos é fabuloso. É plenamente maleável. Vemos os carros passando pela rua, os prédios estáticos, as árvores crescendo, as flores desabrochando, a chuva caindo, a água correndo e o vento purificando o ar, renovando-o, haja ou não poluição. O mundo em que vivemos é muito bom, para dizer o mínimo. Não podemos reclamar de nada.

   Deveríamos começar a aprender a ter apreço por este mundo, por este planeta em que vivemos. Deveríamos perceber que não existe paixão, agressão ou ignorância no que vemos. Começamos desenvolvendo uma atenção plena aos nossos passos, enquanto andamos. Em seguida, começamos a experimentar a sacralidade de pentear o cabelo ou vestir-nos.

  Atividades como fazer compras, atender ao telefone, trabalhar numa fabrica, estudar na escola, tratar com nossos pais ou filhos, ir a um funeral, dar entrada na maternidade do hospital- tudo o que fazemos é sagrado. O modo de desenvolver essa atitude é ver as coisas como elas são, o que se consegue ao prestar atenção à energia da situação e quando não esperamos de nosso mundo maiores distrações. É uma questão de simplesmente ser, ser natural, e estar sempre atento a tudo o que ocorre na nossa vida diária.

  Isso é um desenvolvimento natural da meditação Shamatha. A meditação sentada é como tomar uma ducha. A Vipashyna, ou pratica da consciência, é como secar o corpo com uma toalha e depois vestir as roupas.

   Há, portanto, dois aspectos em nossa jornada, em nosso processo de aprendizagem: aprender com a meditação sentada e aprender com as experiências da vida. E não há problema em combinar essas duas coisas. É como ter dois olhos e então colocar os óculos. É a mesma coisa.

Por Chögyam Trungpa Rimpoche.



quinta-feira, 25 de junho de 2015

10 Dicas Para Ter Uma Vida Mais Feliz e Saudável


Para se sentir feliz é essencial ter um estilo de vida saudável com o corpo e a mente em harmonia. Lama Dordje sugere aqui algumas dicas que ele mesmo aplica diariamente. Aproveite!

1-    Dormir e acordar sempre no mesmo horário

Adaptar o nosso corpo a uma rotina faz com que consigamos recuperar a energia do nosso corpo com mais facilidade.

2-   Ter pensamentos bons ao despertar

Os primeiros minutos do dia são essenciais para começar o dia de maneira positiva. Ao tocar o despertador pela manhã procure orientar os primeiros pensamentos para coisas boas. Isso será muito mais fácil se você dormiu com pensamentos bons.

3-   Meditar pela manhã

Ter o habito de sentar todas as manhãs para fazer sua pratica meditativa vai preparar a mente para os desafios do dia. Nem que seja por 10 minutos, coloque na sua rotina o inicio do dia com a mente e o coração em paz.
Na prática da meditação, removemos a confusão do ego a fim de vislumbrar o estado desperto. A ausência da ignorância, da sensação de opressão, da paranoia e abre uma visão fantástica da vida. Descobrimos um modo diferente de ser.

4-   Pense e fale coisas positivas

Ninguém gosta de ficar ao lado de uma pessoa negativa que fala coisas ruins o tempo todo. Preste atenção no que esta falando. Analise se você é uma pessoa agradável de estar ao lado. Não tenha medo de mudar. Isso será muito mais fácil de reconhecer se você estiver meditando pelas manhãs...

5-   Comer pouco e varias vezes

Optar por alimentos ricos em fibras (como cereais e opções integrais de massas, pães e arroz) aumenta a sensação de saciedade, além de controlar os níveis de glicose e colesterol e melhorar o desempenho do intestino.

Já as frutas, verduras e os legumes são ricos em vitaminas e minerais que estimulam o sistema imunológico e protegem contra vírus e infecções.

 O ideal é manter o metabolismo do corpo sempre ativo. Para isso recomendam-se refeições de três em três horas e em pequenas quantidades: desjejum, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia.

6-   Escolha locais calmos para realizar as refeições

Realizar as refeições em ambientes tranquilos, sem a interferência de televisões, smartphones e computadores, faz com que você não tenha tantos sentidos estimulados. Aproveite para prestar atenção na mastigação: uma boa mastigação gera satisfação com menores quantidades de comida.

7-   Ter uma atividade física

Todos nós sabemos que a prática de atividades físicas ajuda a evitar hipertensão, obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares. Mas não adianta nada saber e não por em prática. Se sua mente estiver calma será muito fácil organizar o dia para ter tempo de cuidar do seu corpo. Não existe desculpa para não se cuidar. Mas lembre-se de ter a orientação de um profissional!

8-  Ter uma vida sexual saudável

Já ouvimos falar muitas vezes que praticar sexo com frequência diminui os riscos de infarto fatal. Também melhora o humor, a pele, relaxar o corpo e alivia o estresse.

9-   Ler um bom livro

Mas o que é um bom livro? Um bom livro é aquele livro que vai não só te acalmar como também passar alguma coisa produtiva. Escolha um horário e reserve esse para ler. Leia nem que seja apenas um capitulo por dia, mas leia.

10-Viva o momento

  O passado já passou, não tem como muda-lo. O futuro só será da maneira que você quer se criar causas e condições para isso. Viva o aqui agora. Faça valer a pena essa preciosa existência humana. Se ame! Ame a vida!




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quarta-feira, 24 de junho de 2015

Bokar Rimpoche


      Bokar Rimpoche nasceu de uma família de pastores nômades no Tibet, no ano do Dragão – Ferro, 1940. Foi reconhecido aos quatro anos de idade como a reencarnação do anterior Bokar Rimpoche, pelo XVI Karmapa, e estudou nos monastérios de Bokar e Tsurpo.

      Com a invasão chinesa no Tibet, deixou sua terra natal aos 20 anos e tornou-se discípulo do grande iogue e mestre tibetano Kalu Rimpoche, completando, sob sua direção, duas vezes o tradicional retiro de três anos, três meses e três dias no monastério de Sonada, Índia.

     Por suas notáveis qualidades e profunda e autentica realização, sucedeu a Kalu Rimpoche como chefe da gloriosa linhagem Shagpa kagyü, uma das oito grandes linhagens originais pelas quais o budismo passou da Índia para o Tibet. Fundou em Mirik o seu próprio monastério, próximo ao de Kalu Rimpoche, especialmente destinado à pratica de Kalachakra.

     É considerado, hoje, um dos principais mestres de meditação da linhagem Kagyü, tendo sido escolhido por Kalu Rimpoche para dirigir os centros de retiro de Sonada, e por Sua Santidade o XVI Karmapa para dirigir o centro de retiro de Rumtek, no Sikkim, nova sede dos Karmapas.


Kalu Rimpoche e Bokar Rimpoche


    Bokar Rimpoche encarna perfeitamente a suprema compaixão de todos os Buddhas. Ser realizado, dotado de grande doçura, possui um estilo direto e profundo de ensinar, abordando os assuntos mais complexos com clareza e simplicidade.

    De Bokar Rimpoche, o Muito Veneravel Kalu Rimpoche afirmou: “Bokar Rimpoche é um Lama extraordinário, perfeitamente realizado tanto no domínio do estudo como no da prática. Naropa havia profetizado a seu discípulo Marpa que, em sua sucessão, cada discípulo seria superior ao mestre que o precederia. Assim, Milarepa, discípulo direto de Marpa, seria superior a este. Da mesma maneira, Bokar Rimpoche será meu sucessor e será superior a mim.”

    Após a invasão chinesa do Tibet, muitos mestres Tibetanos buscaram auxilio inicialmente nos países vizinhos e depois em diversos países da Europa e da América do Norte. A partir de então, ao longo dos anos, esses mestres vêm incansável, generosa e amorosamente compartindo sua experiência e seus conhecimentos com os ocidentais.

   Muito recentemente, alguns desses mestres passaram a visitar o Brasil e a fundar centros do Dharma em nosso país. Entretanto, para a maioria das pessoas é ainda muito difícil o acesso aos profundos e autênticos ensinamentos do Budismo Vajrayana.