A noção de dukkha pode ser considerada sob três diferentes
aspectos:
1.
Aspecto físico, como sofrimento comum: dukkha-dukkha.
2.
Aspecto psicológico, como sofrimento causado por
alguma alteração, ou mudança da vida: viparinama-dukkha.
3.
Aspecto filosófico, como estado condicionado: sankhara-dukkha.
Todas as
modalidades de sofrimento se relacionam à constituição do ser e às diferentes
fases da vida; desta forma o nascimento, a velhice, a doença, a morte, a união
com o que não se ama, a separação daquilo que se ama, não obter seu desejo,
perder glórias e prazeres, enfim toda forma de insatisfação física ou mental é
sofrimento.
Uma sensação agradável
ou uma condição de vida feliz são impermanentes e não duram: uma doença, mais
cedo ou mais tarde, surgirá, então haverá insatisfatoriedade ou sofrimento.
As duas modalidades
de sofrimento acima mencionadas são fáceis de compreender, não podem ser
negadas, pois fazem parte da experiência da vida cotidiana.
Dukkha, como estado
condicionado, é o mais profundo, filosófico e importante aspecto da Primeira
Nobre Verdade. Segundo a filosofia budista, o que chamamos de “ser”, “individuo”,
ou “eu” é somente uma combinação de forças ou energias físicas e mentais,
influenciadas pelo meio que nos rodeia, em perpétua transformação, que abrange
os cinco agregados de existência como objetos de apego, quando tomados como “meu
e eu” (skandhas).
O Mestre define
claramente dukkha como sendo os cinco
agregados do apego, que não são coisas distintas, mas sim uma coisa só; logo,
os cinco agregados são eles mesmos dukkha. Compreendemos melhor quando tivermos
uma ideia mais clara sobre o que são os Cinco Agregados, cujo conteúdo se chama
“ser”, “individuo” ou “eu”.
Os
Cinco Agregados da Existência (Skandhas)
Os Cinco Agregados
que compõem um ser ou individuo são os seguintes:
1.
A matéria (corporalidade).
2.
As sensações.
3.
As percepções.
4.
As formações mentais.
5.
A consciência.
Estes cinco
agregados abrangem dois grupos (nama-rupa)
que são: o agregado da matéria, o corpo físico (rupa), que é objetivo, e os agregados mentais (nama), que são subjetivos e se compõem das sensações, percepções,
formações e consciência.
Do livro “Budismo: Psicologia do
Autoconhecimento”, Dr.Georges da Silva & Rita Homenko, Editora Pensamento.